Como foi dito na apresentação da obra, por Nuno Gabriel Oliveira, que voltou a ser um excelente anfitrião, “Paulo Moreiras escolheu Pombal para viver”. E é por isso natural que, no périplo que tem feito por vários pontos do país, Pombal entrasse também no roteiro de apresentações de “A Vida Airada de Dom Perdigote”.
A sessão pública decorreu no passado dia 18, na Biblioteca Municipal, que recebeu várias dezenas de pessoas, por certo movidas pela curiosidade de constatar que o autor regressou às suas origens literárias, o género picaresco, mais de duas décadas depois do lançamento do inesquecível “A Demanda de Dom Fuas Bragatela”.
Paulo Moreiras é um apaixonado pela cultura espanhola e, neste novo livro, presta-lhe uma singela homenagem. Situa parte do enredo em Valladolid, em 1605, tendo como ponto de partida o baptizado do filho varão de Felipe III de Espanha e II de Portugal. Ao personagem principal do romance, o ficcionado Tanganho Perdigão Fogaça (conhecido como Dom Perdigote), junta figuras reais da época, como Cervantes, o pintor El Greco ou até um famoso dramaturgo inglês, com quem se terá cruzado nestas aventuras rocambolescas.
Paulo Moreiras é um apaixonado pela cultura espanhola e, neste novo livro, presta-lhe uma singela homenagem
Quem já leu outras obras de Paulo Moreiras, sabe que poderá contar com uma linguagem rica em termos que já estarão em desuso, fruto da muita pesquisa que emprega na preparação das suas obras, mas também sabe que se vai divertir muito, pelo acumular de episódios divertidos. Aliás, o autor confessa que se diverte muito a escrever certas situações, algo que se nota pela forma como reage à leitura de excertos da obra. Quem já leu este livro, diz que se nota nele um Paulo Moreiras mais maduro, talvez fruto de quase uma dúzia de anos que tivémos de esperar por um novo romance. O próprio explica que este livro “é o culminar de um processo que tenho vindo a fazer enquanto autor e leitor, de coisas que vou descobrindo. Está escrito com mais maturidade, fruto das leituras que fui fazendo”.
este livro “é o culminar de um processo que tenho vindo a fazer enquanto autor e leitor
Questionado sobre se teremos de esperar mais doze anos por novo romance, Paulo Moreiras diz que não tem pressa. “Para já, tenho de viver coisas e construir, lendo outras coisas. Sei que a determinado momento vou sentir que está na hora de escrever um romance, até porque as boas ideias não surgem de um momento para o outro”.
“A Vida Airada de Dom Perdigote” tem sido bem acolhido pela comunidade literária e, atendendo ao que já se conhece de outros escritos de Paulo Moreiras, será um livro que proporcionará bons momentos de diversão e que fará o leitor constatar a riqueza da nossa língua. A obra é dedicada a Gentil Guedes, a quem o autor escreve que ficou a dever estas histórias.
*Notícia publicada na edição impressa de 23 de Março