Nuno Oliveira
Se calhar, tal como eu, ouviram falar do plano que dá nome a esta crónica há um bom par de anos. Mas desde então pouco ou nada se tem dito sobre o assunto. Previsto na Lei do Cinema e do Audiovisual, o Plano Nacional de Cinema tinha um objectivo “nobre”: promover a literacia para o cinema, impulsionando a criação de novos públicos. Trocado por miúdos, serviria para tentar aproximar os jovens da 7ª arte, mostrando e analisando algumas obras cinematográficas desde os primeiros filmes (já feitos na século XIX) até clássicos mais recentes. Será este o caminho para tentar devolver espectadores às salas? Fica a interrogação, mas desde já declaro que duvido muito. De qualquer forma, o Plano terá arrancado, supostamente, em 23 escolas como programa-piloto, mas alguns meses depois já havia queixas de que tinha sido interrompido. Face à escassez de mais informações, penso que terá nascido já moribundo, até porque a ideia partiu de quem estava no Governo mas saiu logo depois.
A escolha dos filmes que compuseram a primeira lista do Plano é sempre de análise subjectiva. Tal como a do Plano Nacional de Leitura. Não ponho aqui em causa a qualidade das obras, salvo uma ou outra excepção, mas antevejo que não será fácil colocar crianças do 5º ano a ver um filme do iraniano Abbas Kiarostami ou mesmo jovens do 7º a analisar um musical como o Singin’in the Rain. Aplaudo o esforço de incluírem O Barão, do Edgar Pêra, na lista para o 9º ano, mas não será pedir muito?
Neste regresso às aulas faço votos de que as crianças e jovens do concelho tenham oportunidade de ir ao cinema. Não só no Natal, mas algumas vezes durante o ano. Ou então que possam ver filmes nas escolas. Mesmo que não sejam os do Plano Nacional de Cinema. Esta semana desafiaram-me a fazer uma lista pessoal dos filmes que escolheria para o Plano Nacional de Cinema, mas essa seria uma tarefa demasiado complicada para concluir em tão curto espaço de tempo. Por isso, Ana, ficará para uma próxima oportunidade.