Fernando Daniel Carolino
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“Aquele que se recusa a abraçar uma oportunidade única perde o prémio tão seguramente como se tivesse falhado.” Tendo como mote as palavras de William James, anteriormente expressas, é chegado o tempo de iniciar o que em política se designa por sentido de dever a cumprir.
Em passado recente, houve momentos de um menor fulgor, talvez menos discernimento e por vezes uma exacerbada vontade de querer e desejar mudar algo. Contudo, o momento não foi o melhor, o palco, não foi o desejado, o tempo foi inoportuno e o resultado obtido ficou sempre aquém do esperado. Abriram-se feridas, criaram-se engulhos e acima de tudo ficou um amargo de boca de incompreensão colectiva. Há que deixar que o tempo ajude a sarar as feridas. Ele, tudo cura e traz consigo os ensinamentos que, na altura, a dor não nos deixou compreender… A isso chamamos experiência. Experiência acumulada, que nunca será suficiente mas fará sempre jus a que seja utilizada a frase eterna com que o precavido Aristóteles avisou que: “O sábio nunca diz tudo o que pensa, mas pensa sempre tudo o que diz.”
Para tal e tendo a noção que o tempo urge, nada contando mas tudo adiantando, haverá a necessidade de preparar as bases para que um novo líder possa surgir e ser aceito para em conjunto demandar o que muitos desejam, todos procuram e só um poderá ser escolhido, melhor dizendo, o eleito. Ainda assim e em procura de uma vitória, esta não sabe a nada, se não se tiver muito trabalho, tal como o fracassar não é nada, se se fizer o melhor possível, porque pelo menos, já fica a experiência para a próxima tentativa. Nem todas as batalhas poderão ser ganhas mas é aconselhável nunca perder a esperança, porquanto, a derrota de hoje, traz a sabedoria necessária para vencer amanhã! E já chega de conseguir apenas e só apoio moral; é tempo de encontrar uma fórmula para se atingir a vitória.
A receita não é nova porem o método é. Urge dizer a verdade às pessoas, olhar as pessoas nos olhos, entender o que elas querem, projectar o que é realmente necessário na medida do desejável e, acima de tudo, não esconder que por vezes não é tão fácil realizar o que se sonha e projecta. Para Pombal há uma solução, que pode e deve ser expressa, discutida, delineada e acima de tudo participada com todos os pombalenses. Penso que é o tempo de olhar para quem se apresenta não como o candidato do partido ou força politica A ou B, mas sim como sendo um pombalense, que escolhido por todos, possa expressar o que de melhor existe neste concelho. Se não o melhor pelo menos diferente e sustentado, mesmo se alicerçado em força partidária.
Para serem duráveis, as políticas têm de ser pensadas com uma clara visão de futuro. Para ser consequente, uma governação do PS tem de integrar uma forte sensibilidade social. O PS, em Pombal, tem de ser mais envolvido e mobilizador. As próximas apostas políticas devem ser mais bem explicadas. Há políticas que merecem e devem ser mais bem explicadas. Honestamente sei que se trata de matéria em que é mais fácil dizer do que fazer…
Por exemplo, a modernização passa, também, por uma nova relação com a natureza. Portugal é um país de abundantes e singulares recursos naturais e territoriais. Mas temos usado mal e deixado degradar, de forma intolerável, os privilegiados sistemas naturais do nosso território. Se não chegámos ainda a um ponto de não retorno, também é um facto que ainda não inflectimos o processo de desordenamento e de degradação territorial e ambiental. O desenvolvimento sustentável do território tem de ser um dos domínios a privilegiar na política municipal dos próximos anos e na renovação do projecto socialista. Os socialistas – e em particular os socialistas pombalenses – têm de passar a incorporar, de forma consistente e permanente, o ambiente e a sustentabilidade na reflexão e na intervenção política, partidária e governativa.
Vivemos tempos de descrença na política e nos políticos, de afastamento dos cidadãos da vida partidária. Mas a política é necessária. Mas com as pessoas. Feita para e pelas pessoas.
Estou orgulhoso do nosso passado, mas desejo um partido de futuro! Com as mudanças civilizacionais das últimas décadas já não há lugar para a militância por meras razões ideológicas e morais. Só com o envolvimento directo dos cidadãos e das cidadãs, poderemos realizar os objectivos de equidade, de democracia, de justiça e de fraternidade que são a matriz socialista. Refundar a ligação dos cidadãos à política e ao partido deve ser um objectivo primeiro dos socialistas pombalenses.
Revolucionário? Não, não. Ciente do desejo de algo diferente para esta terra que me acolheu e viu crescer. Também.
Vai por si, caro leitor.