No dia 6 de Dezembro, arranca a programação de Natal em Ansião. Durante um mês, há inúmeras actividades na Praça do Município, onde este ano estará também instalada uma pista de gelo, a grande novidade. Naquele que é o último Natal deste mandato, o presidente da Câmara, António José Domingues, passa em revista o trabalho dos últimos três anos e revela o que ainda espera concretizar. Sobre a possibilidade de uma recandidatura, afirma ainda não ter tomado uma decisão.
No próximo dia 6 de Dezembro, arranca mais uma programação de Natal do Município. Quais são as grandes apostas deste ano?
A animação de Natal deste ano continua a privilegiar as famílias, momentos de animação para as nossas crianças, numa parceria com as instituições concelhias. Momentos de teatro, música e um mercadinho de Natal com expositores locais durante todo o tempo da programação de Natal, que vai de 6 de Dezembro a 6 de Janeiro. A grande novidade irá ser a pista de gelo.
O que motivou a autarquia a apostar na disponibilização de uma pista de gelo? Diversificar a oferta? Onde vai ficar localizada?
Sim, diversificar a oferta e proporcionar às crianças e famílias mais oportunidades de diversão e entretenimento. O Natal é para todos, mas especialmente para os mais novos. A tenda irá ficar instalada na Praça do Município, onde toda a animação irá decorrer.
O comércio local volta a ser fortemente envolvido nesta dinâmica? É uma forma de apoiar áreas de negócio que têm, nesta altura do ano, a principal fonte de receitas?
Mantemos, pelo quarto ano consecutivo, o programa “Natal é no comércio local”, como forma de incentivar às compras no comércio local, valorizando e promovendo os estabelecimentos comerciais do concelho, principalmente os que aderirem ao programa.
Qual o investimento previsto, este ano, para a animação de Natal, incluindo-se aqui a pista de gelo e também a iluminação de rua?
Face ao investimento na pista de gelo, o orçamento do “Viva o Natal” é maior que o de anos recentes, prevendo-se um investimento de cerca de 150.000 mil euros.
“O Portugal 2020 está agora a ser finalizado e o Município de Ansião foi, no conjunto dos municípios da CIMRL, o que mais executou”
Este é o último Natal organizado antes do final do mandato, que está a menos de um ano do seu término. Quando iniciou funções em 2021, para o exercício do segundo mandato, disse que queria concluir projectos que não tinha terminado nos quatro anos anteriores. Conseguiu concretizar esses objectivos?
Ao início do segundo mandato estávamos ainda a executar o Portugal 2020 e com ele muitos dos projectos incluídos na estratégia concelhia. O Portugal 2020 está agora a ser finalizado e o Município de Ansião foi, no conjunto dos municípios da Comunidade Intermunicipal da Região de Leiria (CIMRL), o que mais executou. Isso demonstra que cumprimos os objectivos. Neste momento, aprovado que está o plano de acção no âmbito da ITI [Investimentos Territoriais Integrados] da CIMRL estamos a preparar, por um lado, e a avançar com a abertura de procedimentos para a execução dos projectos desse plano. A requalificação do Centro de Saúde de Ansião estará concretizada no primeiro semestre do próximo ano, a requalificação do Mercado Municipal avançará no primeiro trimestre, a construção de sete fogos no âmbito da ELH será também iniciada muito brevemente. Apresentaremos, até ao final do ano, o projecto de execução da piscina descoberta e requalificação da Quinta das Lagoas, num projecto de enorme relevância e atractividade para todos.
Nos quatro anos deste mandato a previsão é de um investimento de 14 milhões de euros, que superará, em mais de dois milhões de euros, o investimento realizado no mandato anterior.
“Nos quatro anos deste mandato a previsão é de um investimento de 14 milhões de euros”
O envelhecimento da população e a dificuldade em fixar jovens são problemas comuns aos concelhos do Interior, sobre os quais o município ansianense tem manifestado preocupação em encontrar estratégias que invertam a pirâmide demográfica. Tem conseguido? É preciso mais apoio da administração central para combater estas assimetrias?
A questão é pertinente, mas complexa na sua formulação, para uma resposta simples e objectiva, pois o envelhecimento da nossa população é uma realidade e a formação e habilitação escolar, cada vez maior, dos nossos jovens, traduz-se em dificuldades de retenção nestes territórios. Mas uma e outra são desafios que os autarcas assumem com espírito de missão. Privilegiar a qualidade de vida, melhorar ofertas e respostas institucionais, melhorar a oferta desportiva e cultural, criar condições para o acesso mais facilitado e adequado à habitação, fixação de empresas com capacidade de retenção e propostas salariais atraentes são os objectivos que temos que perseguir e concretizar. Estamos empenhados e a trabalhar afincadamente para que isso se concretize.
O objectivo é, até ao final da década, atingirmos a recuperação da população perdida na última. E perante todos os dados demográficos a que vamos tendo acesso, se o conseguirmos, isso significará que foram atingidos os objectivos de crescimento e desenvolvimento do concelho.
“O objectivo é, até ao final da década, atingirmos a recuperação da população perdida na última”
A fixação de jovens passa por um conjunto de factores de atractividade, onde se incluem, como não podia deixar de ser, as ofertas de emprego. A ampliação do Parque do Camporês tinha (e tem), também, essa missão. Já há empresas instaladas nos novos lotes e, se sim, quantas?
Sim, a oferta de emprego é importante, mas para reter jovens cada vez com mais formação também é necessário termos, nestes territórios, uma oferta de emprego de qualidade. Neste momento, e relativamente ao Parque Empresarial do Camporês, temos algumas intenções de investimento para a ampliação realizada. Iremos avançar no início do ano com os procedimentos de alienação dos diversos lotes.
Nesta matéria, a construção do acesso desnivelado do IC8 àquele parque foi um passo determinante?
É um investimento relevante no contexto da segurança e valorização do acesso ao Parque Empresarial, sem dúvida. Irá funcionar como factor de mais atratividade, certamente.
E por falar em IC8, a requalificação desta via continua ‘na gaveta’, apesar das muitas reivindicações que têm sido feitas…Esta foi, aliás, uma das prioridades elencadas recentemente pela CIMRL para a região de Leiria, junto do Governo. Ainda não há qualquer luz verde?
Há um caminho que nunca poderemos perder de vista, e este é um deles. Tem sido realizado nos últimos dois/três anos uma permanente reivindicação para a necessária e urgente requalificação deste troço, entre Pombal e Avelar. Acreditamos que estamos cada vez mais perto dessa realidade se concretizar.
O emprego é uma bandeira importante para fixar população, sobretudo a mais jovem, mas a oferta de serviços em áreas como a saúde e a educação são igualmente determinantes. No campo da saúde, o que podem esperar os munícipes do centro de saúde após a requalificação? No concelho, quantos utentes estão sem médico de família?
É indubitável que a requalificação do Centro de Saúde traduzir-se-á em melhores condições para profissionais de saúde e para a população em geral. Por si só esta requalificação não garante o preenchimento do quadro profissional, nomeadamente a nível de médicos. Esta situação é mais complexa e endémica e resolver-se-á por mudanças mais profundas no SNS. Queremos acreditar que, até ao fim do ano veremos o quadro médico preenchido com mais um profissional. Neste momento estima-se em cerca de três mil os munícipes sem médico de família. No momento actual a freguesia que apresenta maiores preocupações será a de Ansião, pois os profissionais médicos que se aposentaram trabalhavam na sede e os utentes desses ficheiros ainda se encontram parcialmente sem oferta de médico.
“Neste momento estima-se em cerca de três mil os munícipes sem médico de família”
E na educação, o que gostaria de deixar concluído antes das próximas eleições?
Na educação temos vindo a realizar um excelente trabalho, em articulação com o Agrupamento de Escolas de Ansião e sua a direcção, numa envolvência perfeita de toda a comunidade escolar. Estamos a realizar investimentos de requalificação em todos os Centros Escolares e Jardins de Infância. Estamos a terminar a revisão da Carta Educativa para podermos definir estratégias a médio e longo prazo. A grande obra, nesta área, será a requalificação da escola nº2 de Avelar, cujo projecto de execução está terminado e a abertura do procedimento concursal prevê-se para breve, num investimento de cerca de cinco milhões de euros. O objectivo é podermos realizar a adjudicação da obra ainda neste mandato.
Num território onde o património natural e arquitectónico são importantes cartões-de-visita, potenciando, inclusivamente, inúmeras iniciativas, que projectos realizados quer destacar e que outras prioridades gostaria ainda de concretizar?
É verdadeiramente uma aposta que temos vindo a concretizar, desde a criação da marca “Ansião Coração de Sicó”, que afirma o concelho no contexto regional e afirma as potencialidades do território. Apostámos na criação do Campeonato Municipal de Trail, que tem sido um êxito, e na valorização do Complexo Monumental de Santiago da Guarda. O projecto “Sicó Outdoor Center” e a classificação de Ansião como destino sustentável irão contribuir para o reforço do concelho como destino de eleição. Estamos a apostar na valorização nas nossas aldeias – Granja, Casais da Granja, Aljazede, Constantina – com obras de requalificação. Aliás, esta aposta na valorização e renovação de aldeias irá continuar com a valorização da aldeia da Ateanha e Venda do Negro. Apostamos na nossa identidade, na nossa ruralidade, para criarmos atractividade e condições de visitação e permanência para quem nos visita.
E no cômputo geral, que projectos espera que fiquem concluídos antes de terminar o segundo mandato?
O quadro plurianual de investimentos vai muito para além dos mandatos autárquicos. Concretizamos o mesmo com o objectivo de ir ao encontro das expectativas dos cidadãos e também das Juntas de Freguesia. É este propósito que nos estimula e nos impele a realizar. O Orçamento para o próximo ano contempla um conjunto de projectos que pretendemos concretizar sem termos como prioridade máxima o horizonte do fim do mandato.
Pretende dar continuidade a esses projectos, que ficam por concretizar, num terceiro mandato?
Entendo a pertinência da questão, contudo não tomei ainda a decisão sobre uma possível recandidatura, independentemente dos projectos (e haverá alguns incluídos no orçamento para 2025) que, de todo, não se concretizarão atá ao final do mandato. Também, quando vencemos as eleições em 2017, concretizámos muitos projectos que já se encontravam em andamento e/ou se encontravam em plano. Há um tempo para tudo e este é o tempo do presente e o da dedicação plena para concretizar o que ainda está por executar.
*Entrevista publicada na edição impressa de 28 de Novembro