PRIMEIRO ESTRANHA-SE, DEPOIS ENTRANHA-SE | Cada dia é um bico d’obra

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Ao longo destes últimos dias fomos presenteados com várias notícias um tanto caricatas do âmbito de Obras Públicas. Noticias essas, evidentemente, geraram burburinho.
Nomeadamente a notícia da requalificação da zona de interface de transportes da cidade de Pombal que está novamente em risco de ser concretizada, uma vez que somente duas empresas apresentaram propostas para executar a empreitada. Propostas essas representam quase o dobro do valor do concurso público, que era de 2,5 milhões de euros, acrescido de IVA.
Aparentemente Pedro Navega, vereador responsável pelas Obras Públicas e Particulares, ficou muito espantado por ter verificado esse aumento exponencial, uma vez que o procedimento concursal já tinha em consideração uma revista em alta. A mim, que sou leiga no assunto, não me espanta uma vez que os valores do mercado dispararam consideravelmente, muito provavelmente amanhã estará ainda mais caro que hoje.
Posto isto, alegam que intervenção terá de ser muito mais cirúrgica, uma vez que será financiada no âmbito do PEDU (Plano Estratégico de Desenvolvimento Urbano), pelo que terá de estar concluída até meados de 2023. A intervenção inicialmente tinha um projeto de uma construção de uma ponte para unir as duas zonas da cidade, divididas pela linha ferroviária. Que acabou por saltar fora, diminuindo o valor estimado de 4,1 milhões para os 2,5 milhões de euros. Pelo andar da carruagem o novo projeto poderá também não contemplar a requalificação da Central Rodoviária. Assim será meramente um arranjo urbanístico exterior. Ora, creio que já não se trata bem de uma requalificação, assim sendo mais valia não mexer.
Outra situação caricata: A obra de construção do CIMU-Sicó – Centro de Interpretação e Museu da Serra de Sicó. Esta obra fora projetada para ser um equipamento com diversas valências com vista a dar apoio a projetos e atividades de educação ambiental e de desportos de natureza, sendo também uma porta de entrada para partir à descoberta da Serra da Sicó. A empreitada foi adjudicada pela módica quantia de 2,169 milhões de euros, com um prazo de execução de 480 dias em Março de 2020, depois da anterior empreitada ter sido suspensa e revogada.
Acontece que os dias passaram e a obra encontra-se a mais de 30% da sua conclusão pelo que o Município de Pombal estendeu o prazo em 150 dias. Mas é caso para dizer: Felizes aqueles que acreditam, pois, se não concluíram o projeto num prazo de 480 dias, é um tanto ambicioso achar que em 150 dias terminam a obra.
É também um tanto caricato: A Obra do Centro Escolar de Pelariga que se encontra suspensa para averiguar a qualidade da estrutura de betão desde 16 de Março, sendo que existe a possibilidade de o próximo ano lectivo arrancar e as obras não estarem concluídas. De frisar que esta construção teve um investimento de cerca de 1,4 milhões de euros e não é a primeira vez que a obra do Centro Escolar de Pelariga esteve suspensa, uma vez que em Janeiro houve uma suspensão devido à falta das condições mínimas de segurança.
Já dizia a fadista Ana Moura: Cada dia é um bico d’obra, uma carga de trabalhos, faz nos falta renovar!

Cristiana Areia
Engenheira Química | Membro da Iniciativa Liberal Pombal