PRIMEIRO ESTRANHA-SE, DEPOIS ENTRANHA-SE | Portugal Chama

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Como seria espectável Portugal atravessa uma seca depois de um inverno pouco chuvoso. E após uma semana de temperaturas elevadas, eis que chega a pandemia que mais assola Portugal no Verão. Os incêndios florestais. Portugal está a arder de norte a sul, um cenário dantesco que se repete ano após ano.
Falando em factos: Portugal é o país europeu mais afetado pelos incêndios. Desde 2015 ardeu 10 vezes mais em Portugal que a nossa vizinha Espanha (em percentagem de área). Sendo que o pior ano registado foi o de 2017, ano trágico de Pedrógão Grande, o pior ano das últimas décadas em Portugal onde se estima que Portugal tenha ardido 7 vezes mais que a média dos outros anos. Em média arderam 155 mil hectares por ano no período de 2015 a 2020. Uma área bastante considerável comparando com Espanha (87 mil hectares).
Historicamente, Portugal sempre foi um país assolado pelos incêndios florestais, tal como grande parte dos países do sul da Europa. No entanto a evolução ao longo das últimas décadas tem sido diferente entre Portugal e Espanha.
Em Portugal a área ardida é atualmente quase o dobro do que se verificava na década de 80, onde arderam em média 73 mil hectares por ano entre 1980 e 1989, em Espanha contabiliza com 245 mil hectares ardidos por ano na mesma década, mais do dobro que atualmente, havendo claramente uma enorme redução.
Mas o que é que o governo português (não) tem feito para combater este mal? A Reforma da Floresta.
A reforma da Floresta tem como grandes objetivos promover o ordenamento florestal e a gestão profissional da floresta, para a concretização dos quais é necessário identificar o limite das propriedades. Em 2017, foi classificada pelo ministro da Agricultura, Florestas e Desenvolvimento Rural, pasta carregada na altura por Luís Capoulas Santos como a “maior revolução que a floresta conheceu desde os tempos de D. Dinis”.
Passados dois anos, em 2019, durante uma conferência de imprensa em Lisboa, sobre a possibilidade de a Assembleia da Republica poder vir a inviabilizar uma das normas do regime de cadastro simplificado, que permitiria ao estado vir a assumir a gestão dos terrenos identificados como “sem dono conhecido”, os Ministros Adjunto e da Economia, Pedro Siza Vieira e da Agricultura, Florestas e Desenvolvimento Rural, Luís Capoulas Santos, sublinhavam que a Reforma da Floresta seria fundamental para reduzir o risco de fogos rurais e para valorizar o interior, pelo que não poderia ser adiada por mais dez anos.
Porém, os anos passaram e a Reforma Florestal que o governo tanto anunciou não está a funcionar de todo, Portugal ainda se encontra bastante vulnerável.
É certo que as decisões devem ser tomadas antes, de modo a antecipar/prevenir, e não quando fazendo anúncios todos os dias com palavras/promessas ocas, como o primeiro ministro António Costa muito gosta de fazer como seu modus operandi.
Um país sem liderança, sem rumo, sem organização, sem planeamento, a caminhar para a cauda da Europa, urge mudar. Temos que acabar com mal pela raiz, para o bem de todos.

Cristiana Areia
Engenheira Química | Membro da Iniciativa Liberal Pombal

 

*Artigo de opinião publicado na edição impressa de 21 de Julho