Iniciativa pretende angariar donativos para aquisição de material de protecção militar e kits de primeiros socorros para ajudar feridos enviados para cidades menos afectadas pelo conflito. Grupo de mentores recorre a contactos directos na Polónia, país onde as compras são feitas, para evitar uma logística muito cara e demorada. A bem da transparência, jovens documentam todo o processo.
Quando a guerra estalou na Ucrânia, a 24 de Fevereiro, Bruna Abreu sentiu-se “impotente” para ajudar, mas sabia que não podia ficar de braços cruzados. Chegou mesmo a pensar largar tudo e partir para a Ucrânia para ajudar no que pudesse, fruto das ligações afectivas que ali tinha criado. Em 2019, a jovem pombalense esteve em Dolyna (Ivano – Frankivsk), na Ucrânia, onde leccionou aulas de iniciação ao inglês a alunos de diferentes faixas etárias (disciplina não faz parte do currículo escolar), integrada num programa de voluntariado. Do país que a acolheu de braços abertos, guarda as melhores memórias, com espaço para amizades que a distância física não atenuou.
E foram precisamente dois antigos alunos que lhe pediram ajuda para aquisição de material de protecção militar e kits de primeiros socorros. Chegou a enviar dinheiro para contas particulares, ao invés de optar pelas “grandes organizações”, mais burocráticas e com “caminhos menos directos”, mas era preciso ir mais além.
Para agilizar o processo, juntou-se a três jovens ucranianos a viver em Pombal há vários anos (Artem Khaybullin, Andriana Baranska e Vitalii Mathesko) e, em conjunto, deram corpo ao projecto “Agir pela Ucrânia”. Através das redes sociais (facebook e instagram), o grupo tem procurado levar a mensagem o mais longe possível para atingir o objectivo que os move: angariar dinheiro para aquisição de kits militares de primeiros socorros, mas também luvas tácticas, roupa térmica e lanternas.
“A ideia é ajudar a equipar as cidades que estão a tratar os militares e civis”, onde ainda se vive alguma tranquilidade, como é o caso da cidade onde Bruna fez voluntariado. “São cidades menos afectadas pela invasão, mas que também estão a receber menos ajuda”, apesar de serem para ali encaminhados os feridos.
Mas porquê donativos em dinheiro e não em géneros? Esta tem sido a questão mais levantada, mas o grupo faz questão de esclarecer, a bem da transparência em todo este processo. “É muito mais barato e mais rápido” fazer chegar o material à Ucrânia, adquirindo os bens na Polónia, através de contactos directos, explica Artem Khaybullin, o ucraniano que vive em Pombal há já 20 anos. A opção por organizações formais tornaria a “logística mais cara e demorada” e o que se pretende é que “o máximo de fundos seja canalizado” para o país em guerra, explica o jovem que também tem nacionalidade portuguesa. Para evitar o pagamento de taxas pelas transferências bancárias, criaram também uma conta Revolut e uma carteira de criptomoedas. “Será tudo documentado”, explica Artem.
O grupo sabe que não vai conseguir apoiar todos os ucranianos, “mas os que conseguirmos ajudar já será importante”, sublinha Bruna Abreu. “Estamos investidos emocionalmente na situação”, assume a jovem, visivelmente emocionada desde o início da conversa.
Ao projecto associou-se também a fotógrafa Gisela Figueiral, em representação dos estúdios FCPro e Sinopse. Os vídeos divulgados nas redes sociais (realizados pro bono), com testemunhos para sensibilizar a comunidade, têm a sua assinatura, mas é também com a ajuda profissional de Gisela que o projecto espera chamar a atenção de um artista nacional, bem conhecido do grande público, para que se associe ao “Agir pela Ucrânia”. A intenção é dar mais visibilidade ao projecto e, em resultado disso, “acelerar o processo” para que a ajuda chegue rapidamente. O contacto já foi estabelecido, mas enquanto aguardam pela decisão do artista preferem não divulgar o nome.
Até à data, o grupo já angariou 1610 euros em donativos, podendo as transferências ser feitas pelo NIB LT513250010536454110. Para os que optarem por MBWay estão disponíveis os contactos telefónicos 919 498 210, 911 142 400, 915 285 066 e 960057 794.
Para acompanhar todas as actualizações e ouvir os testemunhos, basta seguir a página https://www.facebook.com/agir.pelaucrania ou fazê-lo através do instagram.