O ano de 2015 não terminou sem a Psivalor assinalar aquele que foi o sexto momento formativo dirigido à comunidade. Numa acção onde se identificaram alguns dos factores que estão na origem do insucesso escolar, foram também debatidos estratégias para contornar os problemas. Os trabalhos de casa e as actividades extra-curriculares foram outros dos assuntos que prenderam a atenção dos pais.
Em Dezembro, a equipa liderada pela psicóloga Andreia Azevedo voltou a reunir-se para falar sobre Sucesso Escolar e debater estratégias dirigidas a pais. O principal objectivo da acção, enquadrada no plano formativo da clínica, passou por “debater formas muito práticas de promover as competências instrumentais para a aprendizagem, no enquadramento da especificidade de cada área em que trabalhamos”, explicou Andreia Azevedo.
Os trabalhos iniciaram com a técnica superior de reabilitação psicomotora, Marta Jorge, que sugeriu actividades a realizar em família para promover, em período pré-escolar, competências importantes como a motricidade grossa e a motricidade fina (importante para a caligrafia) e a estruturação espacio-temporal (com papel muito relevante na leitura e escrita e na estruturação de conceitos importantes para a aprendizagem). Neste contexto, “actividades tão simples como abotoar calças, apertar os atacadores de sapatilhas, organizar listas de compras ou preparar refeições com a mãe são de uma riqueza incalculável na promoção de competências instrumentais para a aprendizagem”, referiu a terapeuta/psicomotricista, que deu orientações no sentido da importância do brincar livre e no exterior. Seguiu-se a terapeuta da fala, Maura Pedrosa, que, diferenciando os conceitos básicos de fala e linguagem, alertou para o desenvolvimento da linguagem e para o papel da consciência dos sons nos processos de leitura e escrita. A terapeuta da fala devolveu aos pais algumas ideias de actividades a serem feitas em família para promover esta consciência dos sons. E para aquelas famílias atarefadíssimas e sem tempo estruturado para estas actividades, a terapeuta relembrou que “as viagens de carro entre escola e casa são um óptimo ambiente de trabalho” no qual se podem incluir jogos orais como o do famoso “STOP” ou o do “dizer palavras que começam pelo som… ?”.
Seguiram-se os contributos das três psicólogas da casa. Inês Pereira fez uma reflexão crítica acerca das propostas existentes ao nível das metodologias de estudo, defendendo que “a maior parte dos problemas de insucesso escolar não reside na ausência de metodologias de estudo adequadas”. Da sua experiência, “muitos dos alunos conhecem as metodologias e intuitivamente sabem aplicá-las. O que falha é a motivação e a falta de atractividade dos recursos e instrumentos pedagógicos existentes neste sistema de ensino, muito desfasado dos interesses e motivações atuais dos alunos”. A ansiedade excessiva e as expectativas irrealistas e perfeccionistas que muitos alunos carregam nos dias de hoje foram outros dos factores apontados. Por sua vez, Cristiana Marques, também psicóloga, abordou o quadro da “ansiedade excessiva de desempenho”, dando a conhecer sinais de alerta, factores de risco e formas de minimizar o problema, as quais passam “frequentemente por consultar um psicólogo e fazer intervenção específica com base em metodologias de relaxamento e mindfulness e com base na criação de expectativas de desempenho mais realistas”, esclareceu.
A sessão formativa de quase três horas terminou com a intervenção de Andreia Azevedo, que teceu algumas considerações críticas sobre aquilo que designou como “a moda estranha das explicações no 1º ciclo” ou o “exagerado papel das actividades extra-curriculares no desenvolvimento das crianças, o que não raras vezes as acorrenta a autênticas agendas de primeiro-ministro”. A psicóloga e directora da Psivalor reflectiu ainda criticamente sobre os trabalhos de casa, que considera importantes mas que deviam ser utilizados de outra forma: “deveriam ser reservados essencialmente para os fins-de-semana, assegurando tempo de qualidade para os concretizar com a ajuda dos pais”, sugerindo ainda que, durante a semana, “dever-se-ia garantir que todas as crianças, sobretudo as do 1º ciclo, tivessem todos os trabalhos feitos quando chegassem a casa”, rematou Andreia Azevedo. De acordo com aquela mesma responsável, este conjunto de iniciativas continuará a “tomar forma em 2016”, para a qual já estão agendadas as seguintes ações: Problemas na Adolescência (12 de Fevereiro), Lidar com problemas de ansiedade nas crianças e adolescentes (4 de Março) e Cuidar da mente: como compreender os problemas de ansiedade e depressão (16 de Abril). As inscrições já estão abertas e disponíveis em www.psivalor.pt.