É um tema central na minha profissão. Desenvolver o estilo pessoal de cada cliente que me procura é uma missão. Acender identidades, fazendo com que as personalidades sejam emanadas através das escolhas feitas a cada manhã é um trabalho que me faz sentir feliz e realizada porque incrementa o amor-próprio e confere segurança a quem se deixa levar pelo processo de auto-conhecimento necessário à criação de uma imagem coerente com a sua essência.
Se lhe perguntar qual é o seu estilo pessoal ou como o definiria, o que me diria? Sabia que a grande maioria dos portugueses não sabe o que responder a esta questão? Hoje decidi explicar como entender qual é o seu estilo para que possa melhorá-lo, enriquecê-lo e perceber melhor qual o rumo a seguir para gostar mais do que vê quando se olha ao espelho.
1. Para desenvolver o nosso estilo pessoal, convém começar por recordar que já temos um, ainda que não o reconheçamos.
O estilo é uma fusão de gosto e funcionalidade. Mesmo que não saiba exactamente do que gosta ou que julgue não atribuir qualquer importância ao que veste porque só o faz para cobrir o corpo, a verdade é que cada escolha sua manifesta uma preferência. Cada peça que usa transmite uma tendência estética, muitas vezes uma necessidade que sente ou ainda uma ambição sua. Se lhe perguntar qual o seu filme preferido, que bandas ouve ou que obra de arte o marcou, terá a resposta na ponta da língua, certo? Tudo isto diz respeito ao gosto, a parte bela e criativa do estilo.
A metade mais aborrecida é aquela que se refere à funcionalidade e que condiciona as nossas opções. Tem a ver com o local onde trabalhamos, a forma como nos deslocamos até lá, o clima que enfrentaremos durante o dia e resumindo, o conforto. É por isso que por mais que apreciemos o estilo de alguém, muitas vezes ele não encaixa no nosso quotidiano, razão pela qual adaptamos o nosso gosto à realidade que vivemos.
2. Importa lembrar a diferença entre Moda e Estilo!
Já aqui frisei que Moda é arte e repeti várias vezes que as tendências se alteram sazonalmente. Um desfile de alta costura é como um prato de um sofisticado restaurante de cinco estrelas, que revela expertise e inovação mas que não degustamos todos os dias. Quanto ao estilo, seguindo a mesma analogia, seria como a comida caseira inesquecível que a nossa mãe faz – pode não ter tanta arte na confecção mas tem cunho pessoal e um sabor único. E essa não é exclusividade de dias especiais porque faz parte da nossa rotina, acompanha-nos.
O nosso estilo pessoal, ainda que não pensemos nele com profundidade, tem influências religiosas, políticas e culturais. É influenciado pela subcultura com que mais nos identificamos, com o clima, o biótipo, a profissão ou o contexto sócio-economico, ou seja, detalhes sociológicos que não são influenciados pelas passerelles nem pelas revistas.
3. Auto-conhecimento é tudo!
Quanto melhor nos conhecemos, mais nos respeitamos, bem como aos nossos gostos e vontades. Do mesmo modo, quanto melhor conhecemos o nosso corpo e as suas particularidades, mais simples será vesti-lo, enaltecê-lo e favorecê-lo.
É por isso que parar por alguns minutos para analisar todas as nossas escolhas e perceber porque comprámos o que temos é essencial para fazer um upgrade. Vale a pena pensar no nosso guarda-roupa, trabalhá-lo no sentido de manter apenas o que nos faz sentir muito bem e de o ampliar na direcção certa.
Abra o seu armário e analise: tem uma extensa diversidade de cores ou adquire sempre peças nos mesmos tons? Gosta de padrões ou prefere lisos? E os tecidos, como caem? Dá primazia ao conforto ou nem por isso? O que tenta esconder com as roupas que usa? O que pretende mostrar com as roupas que usa?
Entender que peças de vestuário expressam melhor a nossa identidade é um processo de descoberta que implica curiosidade acerca do todo que somos.
É por tudo isto que é útil avançar para um closet detox sem medos, para mergulhar num processo de auto-conhecimento que lhe dará toda a confiança para usar todas as suas roupas com segurança e comprar apenas aquilo que o completará. O estilo pessoal vai-se apurando com o tempo, à medida que lhe dedicamos alguma atenção. Está feliz com o seu ou vai tomar uma atitude?