Desde que me especializei em Consultoria de Imagem, é frequente ouvir frases jocosas em que, ao apontar para alguém, me dizem que “aquela é que precisava dos teus serviços”. Por norma, o objecto da atenção de quem não se contém na graçola e no julgamento é uma pessoa que aparenta desleixo ou um gosto duvidoso no que à escolha da indumentária diz respeito. A verdade é que esta brincadeira levanta, entre outras, uma questão muito pertinente: a falta de conhecimento acerca da profissão em si.
Principalmente devido à democratização do luxo, actualmente toda a gente está familiarizada com os termos inerentes ao exercício dos serviços que presto – stylist, fashion adviser, image consultant, personal shopper – mas nem todos compreendem a sua dimensão mais profunda ou a sua transversalidade. Recentemente, fui convidada para dar uma aula na Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra, onde me licenciei em Jornalismo, com o objectivo de explicar aos alunos da disciplina de Relações Públicas desse mesmo curso a vertente prática do que faço. De facto, existe ainda uma ideia generalizada de que a Consultora de Imagem é procurada apenas para realizar trabalhos de transformação (vulgo makeover) em pessoas de aparência péssima e que esse trabalho implica muito dinheiro e imensa futilidade. Não é, de todo, o que faço.
Nessa mesma aula, fiz questão de frisar que todos os meus clientes têm bom gosto. Procuram-me porque precisam, na sua maioria por motivos profissionais, de apoio na criação de uma imagem que reflicta o que são. Se dos homens me chegam pedidos de ajuda porque não sabem como vestir um fato (a maioria não sabe, garanto), para se destacarem no meio da multidão ou para aprenderem a fazer compras inteligentes, das mulheres o apelo tem sempre uma vertente emocional. Já tive adolescentes com graves problemas de auto-estima a quem ensinei que nunca há nada de errado com o nosso corpo mas sim com as roupas que escolhemos; já recebi abraços comovidos de mulheres que não se sentiam bonitas desde um processo de divórcio dorido; já ensinei mamãs a lidar com as alterações físicas inerentes ao nascimento de um filho e jovens assustadas com a entrada no mercado de trabalho a deixar para trás as roupas de estudante para encarnar a mulher adulta. A maioria das minhas clientes atravessa uma fase de transição e precisa de um fio condutor para conferir segurança aos seus passos. Contudo, todos eles sabem do que gostam e até qual o resultado a que desejam chegar, temendo simplesmente a saída da zona de conforto.
O trabalho com cada cliente é feito em fases distintas, sendo que uma das mais importantes consiste no estudo que elaboro em torno das suas personalidades, características físicas e psicológicas e estilo de vida, entre outras particularidades, para definir a estratégia a seguir. Não se trata de mascarar pessoas ou de as deixar mais bonitas. Não tem nada a ver com vestir caro. Trabalhamos, portanto, todo e qualquer elemento visual que faça parte de quem são, para fomentar a autenticidade. De hábitos simples como a depilação ou o creme de contorno de olhos até à escolha dos tons que mais favorecem cada tipo de pele, passando pelos cortes e tecidos mais indicados para cada biótipo, tudo é revisto e apreendido por quem me procura. O resultado é sempre um aumento de auto-estima, de confiança e isso vê-se em cada desafio que a vida lhes coloca. Imagine-se a ser entrevistado para um cargo que sempre desejou sem que se sinta bem na sua pele… não é fácil transmitir a mensagem correcta ao seu interlocutor se não estiver seguro e convicto de que é a pessoa certa para o emprego.
No caso de clientes como empresas, celebridades ou até autarcas – estamos na época preferida deles! – estendo a Consultoria de Imagem até ao Social Media Management, para que a personagem das redes sociais esteja em concordância com a pessoa por detrás do écran.
A Consultora de Imagem não é apenas uma pessoa que sabe o que está na moda, ainda que tenha uma sensibilidade especial para o tema. O trabalho por detrás das correrias entre lojas e das criações de looks é denso e não apenas uma questão de bom ou mau gosto.