Tornar num “espaço convidativo, de memórias e de recordação histórica”, é um dos objectivos da Câmara de Pombal ao requalificar o Jardim da Várzea, umas das “portas mais antigas de entrada” na cidade. No entanto, o projecto não reúne consenso e o executivo viu-se forçado a lançar uma consulta pública, convidando a população a dar os seus contributos de uma forma “honesta e séria”.
O presidente da Câmara, Diogo Mateus, defende a requalificação de toda aquela zona, que é muito mais abrangente que o próprio jardim, com o intuito de o “reabilitar, melhorar o seu aspecto urbanístico, atrair comércio e habitação”.
Realça, no entanto, que o município tem até final do ano para adjudicar a empreitada, sob pena de perder os fundos comunitários já garantidos. É que a reabilitação integra o Plano Estratégico de Desenvolvimento Urbano (PEDU) para a cidade de Pombal, que contempla outras intervenções já realizadas, em curso ou projectadas.
O projecto de Requalificação Urbana da Várzea, de autoria do arquitecto pombalense Carlos Vinhas, foi submetido à apreciação da Câmara Municipal há cerca de 15 dias. No entanto, alguns dos vereadores acabaram por defender uma apresentação pública do mesmo e o assunto viria a ser retirado da mesa camarária. Na passada sexta-feira, voltou a ser incluído na ordem de trabalhos.
Na véspera, a autarquia divulgou na sua página do Facebook algumas imagens do projecto e, de imediato, foi gerada uma onda de indignação popular. Foram centenas as opiniões críticas que “invadiram” as redes sociais, revelando o seu descontentamento pelas opções urbanísticas. Ao ponto de o projecto não ter reunido consenso no seio do executivo.
Os vereadores voltaram a exigir que fosse promovida uma consulta pública junto dos cidadãos e o executivo assim o fez. Desde o passado sábado, 25 de Abril, que está a convidar os pombalenses a enviar os seus contributos e propostas para o projecto, em particular, para a zona do Jardim da Várzea.
Refere, numa nota de imprensa, que o presidente da autarquia manifestou a disponibilidade para “ouvir os contributos dos cidadãos”, nomeadamente quanto ao “equilíbrio entre espaço verde e pavimentado” desde que “o valor global da empreitada não seja alterado” e “sem comprometer a adjudicação até ao final do ano”.
Obra de 1,8 milhões
A obra que irá incidir numa “zona estruturante da cidade” representa um investimento com um preço base a rondar os 1,8 milhões de euros, financiado por fundos comunitários em cerca de 1,1 milhões.
A intervenção, com prazo de execução de 540 dias, advém do “masterplan” da Zona do Interface Intermodal de Transportes e Áreas Envolventes, no qual se incluem também a Requalificação do Jardim do Cardal e da Avenida Heróis do Ultramar, também contempladas no PEDU.
Numa área total de 22.430 m2, o projecto agora apresentado contempla a reabilitação do Jardim da Várzea, “um novo sistema de drenagem de águas residuais, rede de abastecimento de água, infra-estruturas eléctricas e de telecomunicações, execução de passeios e repavimentação de todos os arruamentos”, refere a autarquia, acrescentando que no espaço do actual jardim “prevê-se a manutenção da fonte central e acessibilidade total em todos os quadrantes”.
“O quadrante que confina com a Rua Dr. Carlos Alberto Mota Pinto será dotado de um generoso passeio dotado de árvores e de um acesso por escadas” enquanto que para o jardim propriamente dito “está previsto um pavimento misto em calçada portuguesa e um pavimento ecológico drenante, bem como zonas ajardinadas. Estão previstos bancos com canteiros para flores e zonas arborizadas para os transeuntes que aí pretendam pausar”.
Por outro lado, a intervenção contempla, igualmente, a requalificação do Lardo Salgueiro Maia (largo da estação ferroviária), para além das ruas Dr. Carlos Alberto Mota Pinto, 31 de Janeiro, Marechal António de Spínola, Alexandre Herculano, Professor Alberto Martins de Oliveira, bem como a Rua e Travessa Cancela do Cais e a Travessa 31 de Janeiro.
*Notícia publicada na edição impressa de 30 de Abril