Rodrigues Marques
Quase tudo são falácias.
Jaime Cortesão, médico do Corpo Expedicionário Português, nas suas Memórias da Grande Guerra, escrevia no capítulo Luta Inglória, com data de Junho de 1917: “Passo a passo, inevitavelmente, caminhamos para o desastre interno. …. O Presidente do Ministério tem a atenção focada sôbre tão alto escôpo, que não enxerga as misérias cá de baixo. Nem o suspeita, estou em crer”.
Os sábios do regime deviam ler este livrinho.
Todos, e nós próprios, também, andamos muito preocupados com a elevada taxa de desemprego que, agora, o Orçamento Rectificativo, aprovado em Conselho de Ministros, reviu em baixa.
É mais um rectificativo, projectando um futuro que nunca encontra.
A Taxa de Desemprego é um número frio, como qualquer rácio.
É calculada fazendo o quociente dos trabalhadores desempregados pelo potencial dos trabalhadores do País, colocado em percentagem.
Esta taxa é pouco fiável e muito difícil de calcular dado que qualquer um dos membros do quociente é de difícil medição.
Nunca se sabe quantos trabalhadores estão no desemprego, os que estavam e emigraram e a própria carteira de desempregados é de fácil manipulação com cursos, estágios e o diabo a sete.
O membro inferior é, da mesma forma, de difícil medição, nunca se acertando no valor real da força de trabalho do país.
Os sábios sabem quão difícil é medir estes valores e, está visto, utilizam o método de calculo que lhe dá mais jeito.
Os próprios sindicatos que, por regra geral, defendem os trabalhadores que têm trabalho, esquecendo-se dos que estão no desemprego e ostracizando os empregadores, andam muito preocupados, quiçá por a sua Tesouraria se queixar da diminuição drástica da quotização.
Para o Governo as coisas do mundo laboral são mais políticas do que outra coisa e pouco mais contam do que os números frios das estatísticas.
Reconhecemos que o escopo dos sábios do regime é o défice interno que, teimosamente, se agrava a cada dia que passa.