No último fim-de-semana de Outubro, Pombal voltou a ser a “capital” do xadrez, com mais uma organização da Oficina Xadrezista & Cultural Marquês de Pombal a juntar esta modalidade e uma forte componente cultural. Desde os momentos musicais e literários, até aos próprios prémios e recordações para os participantes.
Nesta edição, que integrou o open internacional e o torneio jovem, a iniciativa contou com presenças de peso, nomeadamente uma participação muito especial, do Grande Mestre António Fernandes (vencedor desta edição do open internacional), campeão nacional já com 15 títulos somados e o mais jovem de sempre a vencer esta prova. Foi este o grande motivo da homenagem simbólica que lhe foi prestada, com a oferta de um quadro muito especial da pintora pombalense Lídia Carrola.
“É dos poucos torneios a nível nacional que conciliam estas duas vertentes, o xadrez e a arte, pelo que é de louvar o trabalho que o Jorge Barrento tem feito, apesar das condições diminutas que tem”, assinalou António Fernandes, dando nota que a sua presença é o cumprir de uma promessa, sublinhando a importância que a presença dos melhores jogadores nacionais nestes torneios, principalmente para cativar as pessoas e dar oportunidade aos jogadores locais de defrontarem mestres e grandes mestres.
Contudo, não deixou de lamentar a falta de apoios para esta modalidade. “O xadrez em Portugal devia estar muito mais desenvolvido”, afirma, dando o seu exemplo pessoal, em que a sua actividade profissional está ligada à informática e seria impensável conseguir fazer do xadrez a sua profissão, apesar de ser campeão nacional indiscutível.
Paulo Pinho, que também participou neste torneio, corroborou esta opinião. No seu entender, a implementação de xadrez nas escolas têm um impacto positivo numa primeira fase, em que se cativam os jovens e se desperta o interesse pela modalidade. “Mas chega a uma altura em que eles estabilizam num determinado nível, e é muito difícil evoluir cá em Portugal”, reforçou, afirmando que “não se pensa o xadrez a nível profissional”.
Contudo, há um papel muito importante nesta modalidade, que é o estímulo cognitivo dos xadrezistas e o desenvolvimento de competências. António Fernandes recordou que está provado o impacto positivo no rendimento escolar, por exemplo. “De uma forma lúdica, as pessoas vão brincando e aprendendo, vão tendo uma formação que, em termos cognitivos, de outra forma não seria tão acentuada”.
Lucas Gonçalves, do Ginásio do Louriçal, foi o vencedor do Torneio Jovem, xadrezista que foi terceiro classificado no campeonato nacional de semi-rápidas, no escalão sub’10.
No open, a arbitragem ficou a cargo do árbitro nacional Carlos Ferreira, enquanto no Torneio Jovem o juiz foi José Gonçalves.
Ana de Jesus