A boa estratégia pressupõe um bom diagnóstico acerca das vulnerabilidades e oportunidades com que nos confrontamos. Enquanto não percebermos que o diagnóstico que a direita faz da crise está errado, e que o problema da austeridade não é um mero problema de dose, nunca sairemos da crise em que nos encontramos.
A implementação de uma boa estratégia pressupõe, ao mesmo tempo, uma boa identificação dos instrumentos que temos ao nosso dispor para ultrapassar essas vulnerabilidades e potenciar as verdadeiras oportunidades.
Portugal é hoje um país bloqueado. São conhecidas as vulnerabilidades económicas e sociais que afetam o país. Temos um potencial de crescimento muito reduzido, pobreza e desigualdades sociais a aumentar e um nível de desemprego intolerável.
Pela sua diversidade, o distrito de Leiria é bem o espelho desses bloqueios e dessas vulnerabilidades. Mas é também o espelho das múltiplas oportunidades que o país tem à sua frente. Oportunidades que exigem visão estratégica, mas também capacidade de mobilização e liderança política.
Pelos recursos que tem, Leiria está em condições excelentes para abraçar o impulso que é necessário dar aos clusters emergentes: o mar, o complexo agro-florestal, o território.
O próprio turismo, pilar já tradicional da economia portuguesa, pode contribuir muito mais para o crescimento económico e para a criação de emprego na região, desde que consigamos qualificar a oferta e promover novos produtos e novas rotas.
Leiria tem um dos mais prestigiados Institutos Politécnicos do país. Leiria e o IPL não podem viver de costas voltadas. Precisamos de dar um novo impulso a esta relação, através da criação de um consórcio de instituições de ensino superior, de investigação científica e do meio empresarial, com a liderança do IPL. Uma verdadeira agência de desenvolvimento da região, orientada para a criação de centros de investigação e ciência, de interfaces de transferência de tecnologia para as empresas e de centros de empreendedorismo.
Temos também certamente as nossas vulnerabilidades neste território diversificiado que constitui o distrito de Leiria. Os empresários em dificuldades precisam de políticas públicas que estimulem a procura interna e que os ajudem a internacionalizar-se. As famílias precisam de políticas sociais, laborais e fiscais mais amigas da natalidade e do rejuvenescimento populacional. As pessoas exigem uma sociedade mais justa e mais coesa, com políticas sociais ativas para os que mais precisam e com políticas de emprego mais ambiciosas, que não desperdicem o investimento que fizemos na educação dos nossos jovens. Temos também de reconhecer o ambiente como área prioritária, resolvendo, de uma vez por todas, os problemas crónicos que afetam a nossa região.
Mas para fazermos face a estas vulnerabilidades, e para aproveitarmos as novas oportunidades que temos à nossa frente, precisamos de criar as condições políticas adequadas – os instrumentos para implementar a nossa estratégia.
Nas eleições do passado dia 25 de maio, aos bloqueios económicos e sociais veio juntar-se um impasse político que ameaça prolongar a crise com que estamos confrontados. É pois essencial que o PS consiga transformar a enorme maioria de protesto numa clara maioria de projeto. O PS precisa de renovar a estratégia política e de conseguir uma mobilização nacional, através da proximidade aos problemas específicos das pessoas e dos territórios que formam Portugal.
É pela mudança em Leiria e em Portugal que me candidato à presidência da Federação Distrital de Leiria do Partido Socialista.