O seu rosto já se tornou conhecido dos pombalenses. Através do Facebook, dos vários eventos realizados em seu favor ou das caixas espalhadas pelos estabelecimentos comerciais, cafés e restaurantes em Pombal e Soure, o mais provável é que todos saibam quem é o André.
Foi em 2009, quando tinha 24 anos, que André Oliveira, que sempre foi uma pessoa saudável, praticante de desporto que nunca fumou nem bebeu, descobriu que tinha cancro da mama: “Foi quando tudo começou, mas já tinha descoberto o caroço e os médicos aqui não ligaram, por ser homem e por causa da minha idade”, recorda. “Fiz a biópsia em Pombal, depois encaminharam-me para o IPO (Instituto Português de Oncologia), fiz quimioterapia e em Janeiro de 2010 tive que fazer a remoção total. Fiz 30 ciclos de radioterapia e pensava que tinha ficado tudo resolvido”, conta André. Em Janeiro do ano passado, já com 29 anos, soube que não: “Descobri que a doença tinha voltado outra vez. Passou para os ossos”. Mais tratamentos, desta vez sem resultados animadores. André decidiu ir a uma consulta na Fundação Champalimaud, em Lisboa: “Lá só me disseram que o que tinha a fazer era um tratamento hormonal, para tentar estabilizar. Comecei a fazê-lo e passado algum tempo, nas análises via-se que os marcadores tumorais começavam a subir. Aqui em Portugal não me davam nenhuma solução e eu tive que procurar”.
Decidiu recorrer aos novos tratamentos com células dendítricas, na Alemanha, e a onda de solidariedade teve início entre Setembro e Outubro de 2013, quando amigos e familiares decidiram contornar o facto de não existir qualquer comparticipação do Estado para apoiar o André na sua luta pela vida. Com o apoio de logística do Projecto Safira, fez a primeira viagem em Novembro: “Tive a consulta com o médico e fui aconselhado a não levar primeiro as vacinas com células dendítricas. Segundo ele, deveria antes ser submetido a um tratamento para tentar reduzir o problema e depois sim, levar as vacinas para aumentar a probabilidade de resultar melhor. Com isto, os custos aumentaram e muito. Incluindo viagens, alojamento e as vacinas, estava à espera de gastar entre 30 a 50 mil euros e isto veio aumentar-me as despesas para o dobro”. Esteve na Alemanha em Novembro, em Dezembro e em Janeiro deste ano, para ser submetido a “uma quimioterapia que não se faz cá, localizada. Gastei uns 45 mil euros. Fiz novos exames e vi que também não fez nada”. Os resultados, pouco animadores, não o fizeram baixar os braços: “Falei outra vez com o Projecto Safira e eles trabalham com outras clínicas na Alemanha. O meu dossier foi enviado para averiguar das possibilidades de avançar com alternativas e em princípio haveria alguma coisa que me poderia ajudar”. André deslocou-se a uma clínica universitária alemã e apesar de nunca haver garantias, “entre fazer aquilo ou fazer praticamente nada aqui, claro que vou fazer aquele tratamento que é mais específico e mais localizado. Também é uma operação, mas é uma coisa mais simples, injectam o químico mesmo no osso”. À data do fecho desta edição, André já terá feito um tratamento, porque “o médico disse que no meu caso tinha que fazer alguma coisa o mais rápido possível”. Terá de regressar pelo menos mais quatro vezes à Alemanha, “de mês a mês”, para combater a doença que não lhe rouba o sorriso de rapaz. Apesar de se tratar um procedimento menos caro que o anterior, não deixa de envolver demasiado dinheiro: “As viagens são muito caras: paguei 459 euros por cada viagem, porque não há low cost para lá. O alojamento custa à volta de 100 euros por noite e tudo isto significa que tenho de arranjar mais ou menos quatro mil euros por mês. Vai ser complicado, porque já gastei quase tudo o que tinha nos outros tratamentos. Tenho alguma coisa para o primeiro e para o segundo e a partir daí, vamos ver o que os eventos vão dar”.
André Oliveira agradece a todas as pessoas que o têm apoiado monetariamente ou não, mas explica que as ajudas têm vindo a diminuir. A onda de solidariedade que se gerou ajudou muito, os donativos, feitos nas caixas deixadas um pouco por todo o concelho ou através de transferência bancária, a par com os fundos angariados nos eventos que foram organizados, foram suficientes até agora, mas o jovem precisa da ajuda da comunidade para não desistir: “O problema disto tudo é quando o dinheiro não chegar e não puder pagar os tratamentos. Enquanto houver dinheiro, ainda posso ter esperança”. “Não há garantias, mas o principal no meu caso é travar a doença, é isso que é muito importante e que não está a acontecer”, declara. O cenário não é o melhor, mas a postura serena e bem-disposta de André Oliveira fazem esquecer que o seu caso é tão grave como os exames revelam: “Quem olha para mim não diz que estou tão doente. Devia ter dores e não tenho. A minha força de espírito provavelmente também ajuda muito”.
Saiba como ajudar o André na sua página em facebook.com/vamosajudaroandreoliveira ou faça o seu donativo: NIB – 0007.0000.0084.5974.7342.3 IBAN – PT50.0007.0000.0084.5974.7342.3