Há três anos que Maria de Jesus, da Cumieira, integra o grupo de voluntários da comunidade de Pombal que colabora com o Núcleo Regional do Centro da Liga Portuguesa Contra o Cancro (LPCC). Aos 83 anos e cidadã de risco em tempo de pandemia, Maria de Jesus não se deixou abater pelo confinamento nem por um problema de saúde que lhe bateu à porta de forma inesperada, condicionando-lhe os movimentos, e resolveu pôr mãos à obra no apoio aos doentes oncológicos. Ainda que colabore regulamente com o grupo de Pombal que apoia a LPCC, Maria de Jesus trabalhou incansavelmente por estes dias e o resultado está à vista: confeccionou 150 saquinhos para o dreno utilizado no período pós-mastectomia e 50 bolsas para apoio aos colostomizados. “Faço com gosto e prazer”, conta ao nosso jornal, durante uma conversa por telefone, onde nos revelou, ainda, que tem sido a responsável pela confecção dos fatos dos elementos do Rancho Típico de Pombal.
“Tenho aproveitado o tempo como se estivesse a trabalhar”, diz Maria de Jesus, sobre a forma como tem gerido o dia-a-dia e as horas dedicadas à costura solidária. “Todo o tempo que tinha era para fazer isto”, afirma com visível satisfação.
Com as rotinas condicionadas por motivos de saúde e com a pandemia a arredá-la das aulas de hidroginástica, que frequenta com assiduidade, Maria de Jesus, actualmente viúva, faz da máquina de costura a companheira de longas jornadas, cultivando um gosto antigo e que lhe moldou a profissão.
Para além destas peças, o grupo de Pombal confeccionou ainda 50 “almofadas do coração”, destinadas também aos doentes oncológicos e que, mesmo neste período em que a Covid-19 tem sido a grande preocupação, não foram esquecidos. O objectivo destas almofadas é aliviar a pressão da axila sobre a área da cirurgia, diminuindo o edema e aliviando a dor.